Foto: Manuel João Ramos, no cidadanialx (data?...)
Em cada metro quadrado de calçada que instalam ou renovam, as câmaras municipais arranjam mais "lenha para se queimarem".
A calçada é o pavimento mais caro de manter, e nos dias que correm é, sem dúvida, o mais mal executado. Basta parar na rua e observar os actuais calceteiros, sem qualquer experiência, a cobrir num dia apenas uma superfície que os antigos artífices demoravam dias a decorar.
O estacionamento de automóveis sobre os passeios e as obras de subsolo encarregam-se de dar, depois, o "golpe de misericórdia" num pavimento que está geralmente mal nivelado, mal compactado, e exectutado com peças mal (pessimamente) emparelhadas.
Por isso é que depois as câmaras municipais nunca têm meios para assegurar a manutenção. E a calçada se transforma rapidamente na lástima que se vê por todo o lado.
Depois, devido às suas irregularidades, falta de manutenção e partes polidas pelo uso, a calçada é um pavimento que causa imensas quedas e um notório desconforto nos peões. E é dos pavimentos menos acessíveis para todos, especialmente idosos e pessoas com deficiência. Já para não falar do desconforto causado pelo elevado grau de reflectância (a superfície branca reflecte a luz solar).
E adivinhem lá, já agora, qual é o pavimento mais difícil de limpar...? Exacto, a calçada. Basta perguntar a qualquer almeida, que logo vos conta como é frustrante varrer e lavar, para no fim tudo parecer sujo na mesma.
Vale a pena notar que, tal como hoje é executada, com um traço (mistura) de cimento no areão (a camada onde as pedras assentam), a calçada, fica completamente impermeável. Já nem essa vantagem tem, portanto...
A calçada original, bem feita, era de facto um ex-libris da cidade de Lisboa. A calçada que hoje se faz é uma praga.
Há tantas soluções alternativas no mercado (e noutras cidades portuguesas) que só o hábito (e o preconceito?) é que pode explica estar insistência na calçada.